Champagne tinto, nunca!
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- Categoria: a história do vinho
Você já pode ter degustado espumantes tintos. Champagne tinto, nunca! Por quê?
Antes de mais nada, por um motivo histórico, cultural.
Se hoje o vinho tinto desfruta de um status superior ao do vinho branco, na preferência dos enófilos, esse cenário tornou-se realidade somente a partir do século 20. Antes disso, o vinho branco era considerado, desde o seu surgimento, como um vinho especial e mais nobre, na maioria das vezes reservado somente à elite cultural das sociedades.
As características mais valorizadas, em um vinho, eram o seu brilho, a sua limpidez e a sua sutileza. O desafio estava em produzir vinhos refinados e delicados, e não vinhos potentes.
Um outro ponto, que somava-se a esse, dizia respeito diretamente à efervescência.
Cerca de 300 anos atrás, no século 17, os produtores franceses da região de Champagne observaram um fenômeno, e aprenderam a controlá-lo. Com o clima frio da região, o processo de fermentação do vinho acabava, antes de ter convertido todo o açúcar em álcool. Esse açúcar voltava a fermentar um tempo depois, com a chegada da primavera. Quando conseguiram conter o gás liberado nessa segunda fermentação dentro da garrafa, surgiram os primeiros vinhos espumantes da história!
Rapidamente os espumantes de Champagne passaram a ser vistos como vinhos elegantes, festivos, frescos, alegres, e caíram no gosto da nobreza.
Os primeiros produtores de Champagne perceberam que vinificar uvas brancas, para produzir vinhos espumantes, era mais fácil e mais seguro. O vinho produzido a partir de uvas brancas de regiões frias, como Champagne, tinha maior facilidade para fermentar pela segunda vez. Além disso, o vinho efervescente finalmente produzido, quando branco, era menos propenso a quebrar garrafas pela alta pressão interna.
Mas a região de Champagne, por fim, acabou especializando-se em produzir vinhos brancos ainda mais elegantes, a partir da vinificação de uvas tintas, como a Pinot Noir, que produz lá mesmo na Borgonha, tintos considerados entre os mais elegantes do mundo.
Pausa. Se você nunca tinha se dado conta de que uvas tintas podem produzir vinhos brancos, ou se quiser ler mais sobre esse assunto, clique aqui.
Mas nem só de vinho branco vive Champagne. A região também produz excelentes rosés, mas eles também são planejados para serem leves, com baixo teor de taninos. Aliás, vale ressaltar que espumantes rosés, em geral, andam bem na moda, e são sempre uma opção muito interessante!
Para encerrar, algumas sugestões para quem quiser seguir adiante na leitura. Se quiser saber mais sobre as borbulhas dos vinhos espumantes, clique aqui. Se quiser ler sobre espumantes tintos, que não são da região de Champagne, é claro, clique aqui. Se quiser ler mais sobre a superioridade histórica dos vinhos brancos sobre os vinhos tintos, clique aqui.
E saúde!
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