O que você não sabia sobre vinho branco
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- Categoria: a história do vinho
É bem provável que muitos leitores surpreendam-se, com mais essa...
É sabido que o vinho tinto, dependendo da cepa, tem um maior potencial de benefícios à saúde, em função do elevado tempo de contato com as cascas e sementes, durante a vinificação.
É sabido que o vinho tinto tem mais reconhecimento entre os apreciadores da bebida de Bacco, do que o vinho branco.
Se uma coisa tem relação com a outra? Talvez. Mas, o certo é que nem sempre foi assim. Pelo contrário.
Desde a Antiguidade, o vinho branco era considerado um vinho mais “elitizado” que o vinho tinto, acredite!
Primeiro, vamos voltar no tempo.
Evidências arqueológicas indicam que o cultivo de uva e produção de vinho começaram em algum momento entre 6.000 e 4.000 a.C.
Mas as videiras de uva branca teriam surgido, no Egito, apenas mais tarde, entre 2.000 e 1.000 a.C. Sendo as uvas brancas mais raras, a vinificação delas era confiada apenas aos melhores profissionais, e o consumo desse vinho era reservado ao faraó e à elite da sociedade egípcia.
Mais tarde, entre os gregos, o vinho branco continuou desfrutando um status superior ao do vinho tinto, até mesmo porque o sabor adocicado era uma regalia, um privilégio de poucos, pois as fontes de açúcar ainda eram raras e valiosas.
O mesmo aconteceu na sociedade romana, onde o vinho branco era um produto de luxo, caríssimo e acessível a poucos.
Antes que alguém contra-argumente, afirmando que todo vinho era um produto de luxo, branco ou tinto, vamos esclarecer: o vinho era adicionado à água, para higienizá-la. E como isso não era um luxo, e, sim, uma necessidade, o vinho era adicionado à agua servida às crianças, aos servos, aos soldados, aos escravos. Se quiser ler mais sobre isso, clique aqui.
Mas o vinho branco, ao contrário, era, sim, puro luxo. Ou como diriam atualmente, vinho ostentação... Capaz de distinguir socialmente a aristocracia romana!
Mesmo durante a Idade Média, quando o legado do vinho romano passou para o controle da Igreja, o vinho branco continuou a desfrutar de uma condição especial. Era reservado, pelos monges e pelo poder feudal, às elites políticas e religiosas, detentoras de maior poder financeiro durante esse longo período da história.
Somente a partir do século 20, na verdade, é que o vinho tinto superou o status do vinho branco na preferência, ou no reconhecimento, dos amantes da bebida, provavelmente porque a exaltação de suas qualidades levavam à dedução de uma superioridade qualitativa.
Definitivamente, não há nada de errado em apreciar, ou até mesmo preferir, vinhos brancos! Historicamente falando, inclusive, teria até bastante lógica!
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