O Chile do futuro
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- Categoria: desmistificando
Fique atento aos tintos chilenos. Você está prestes a assistir a uma interessante mudança de estilo de vinificação. Uma retomada, na realidade, de ideias que haviam ficado para trás.
Durante o século 20, os vinhos em geral, ainda mais os do Novo Mundo, viveram um processo de aumento da graduação alcoólica e de diminuição na acidez. Sem falar no aumento do nível de taninos, principalmente nas últimas décadas. Alguns críticos vêm sinalizando uma certa padronização desses vinhos, desfavorável ao mercado e ao paladar.
Pois bem. Os chilenos estão em busca do vinho perdido, por assim dizer.
Alguns dos mais importantes enólogos do Chile vêm sistematicamente reduzindo os níveis de álcool em seus vinhos, e reduzindo também a influência do carvalho neles. Dessa maneira, passarão a nos apresentar, nas próximas safras, não somente vinhos impressionantes, mas também vinhos mais agradáveis.
A ideia é produzir vinhos mais equilibrados, com mais frescor, com menos álcool, mais acidez, menos carvalho, e com taninos ainda mais macios. Essas mudanças são bem-vindas para, por exemplo, fazer com que os vinhos sejam mais parceiros das refeições, mais compatíveis com os alimentos, evitando dominá-los.
No que diz respeito à influência do carvalho, há nitidamente uma redução no percentual do vinho que tem contato com barricas novas, cheias de compostos aromáticos e taninos. Há também um visível aumento no número de enólogos que recorrem aos tanques de concreto, que reconhecidamente propiciam o desenvolvimento da complexidade de um bom vinho.
Preste atenção. Um sinal evidente dessa tendência, no Chile, é facilmente constatável. A graduação alcoólica, sempre impressa nos rótulos, por obrigatoriedade da lei, está, aos poucos, diminuindo. Alguns vinhos que apresentavam, até então, teor alcoólico entre 14 e 15°, estão vindo com teor que se aproxima de 13,5°. Alguns até com menos, em um estilo que remete aos famosos e elegantes franceses de Bordeaux, com menos de 13°.
Isso não é um acaso, é absolutamente intencional e planejado. Basta ver que a colheita tem sido por vezes antecipada, para que as uvas ainda não tenham tantos açúcares, e, com isso, o vinho final não tenha tanto álcool.
Os enólogos chilenos sabem onde querem chegar, e para onde querem levar nossas sensações durante a degustação de seus vinhos. Então, nossa sugestão é deixá-los nos guiar nessa viagem...
E, se quiser ler sobre as mudanças que aconteceram nos vinhos, durante o século 20, clique aqui. Ou então, se quiser ler sobre tanques de concreto, e outras alternativas para reduzir a influência do carvalho nos vinhos, clique aqui.
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